Bauhaus

Bauhaus

sábado, 30 de janeiro de 2010

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Introdução ao Trabalho

Figura: "A Angústia" - Edward Munch




















O movimento artístico denominado Expressionismo surgiu na Alemanha, na cidade de Dresden, cerca do ano de 1905, em oposição ao Impressionismo e ao Cientismo de carácter anti-racionalista. A designação, aplica-se a toda a arte e tem como característica a capacidade de destorcer a realidade, dando-lhe uma expressão trágica ou caricatural aos temas, deformando as imagens e empregando cores exuberantes e patéticas, em largas manchas de violento contraste, que lhes permite retratar a violência das paixões e as emoções pessoais e provocar nos espectadores reacções da mesma ordem. Os pormenores encontram-se dispostos de uma forma muito ritmada e dinâmica.

A noção de perspectiva é substituída pela organização do espaço e pela utilização de cores muito acentuadas que sugerem a profundidade e o modelado. Tenta-se exprimir as forças que agitam ou dilaceram a alma humana e as suas emoções interiores ou até uma visão muito pessoal do artista. É uma forma de expressão muito subjectiva em que os artistas estabelecem uma ligação afectiva com tudo o que representam. As suas obras têm, por isso, um carácter muito emotivo e tenso. Procura-se denunciar a alienação do Homem, a sua profunda solidão, através de uma linguagem imediata, brutal, agressiva, com uma violência quase primitiva, onde se procurava exprimir a angústia que tortura os indivíduos.

Nos anos 20, a Bauhaus, foi a grande impulsionadora para o Design de hoje. O expressionismo teve uma grande influência nos mestres e nos alunos, os quais criavam peças que ostentavam a diferença.

Introdução ao Expressionismo


Figura: "O Grito" - Edward Munch (1863-1944)

















Este movimento cultural de vanguarda, surgiu na Alemanha na cidade de Dresden por volta de 1905 (séc. XX).

Não se preocupava em representar a realidade mas sim a visão que o ser humano faz da dela.

Sem preocupação com a beleza ou com os padrões, procura mostrar as impressões, denuncia as mazelas sociais, tem uma extensão dramática e às vezes subjectiva.

Esta vertente preocupa-se mais com a interiorização do que com a sua exteriorização: era uma reflexão individual e subjectiva.

Na pintura, as suas principais características são: "pesquisa no domínio psicológico; cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas; dinamismo improvisado, abrupto, inesperado; pasta grossa, martelada, áspera; técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões; preferência pelo patético, trágico e sombrio."

Este movimento artístico, desenvolveu-se num período muito conturbado e abrangeu, uma grande variedade de expressões artísticas como a pintura, a música, o teatro, o cinema, a dança e a fotografia.

Escola Estatal Bauhaus

Figura: Oskar Schlemmer, Bauhaus-Signet (1921/22)










A Escola Estatal Bauhaus foi fundada por Walter Gropius em Weimar no ano de 1919, a partir da fusão da Escola de Artes Plásticas com a Kunstgewerberschule.

O conceito desta escola, tinha como objectivo fazer a fusão entre a arquitectura, o artesanato, e a academia de artes.

Com o fim da primeira Guerra Mundial Gropius sentiu a necessidade de criar um novo estilo arquitectónico que reflectisse a nova época. O seu estilo quer na arquitectura, quer na criação de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientação para a produção em massa, sem jamais limitar-se apenas a esses objectivos.

O próprio Gropius, afirmará que antes de um exercício puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e através da separação daquilo que é meramente arbitrário do que é essencial e típico, permitir ao espírito criativo construir o novo em cima da base tecnológica já adquirida pela humanidade.

Gropius queria unir novamente os campos da arte e artesanato, criando produtos altamente funcionais, com atributos artísticos. Foi director da escola entre 1919 e 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Mies van der Rohe.

1919: A primeira etapa - A Bauhaus Expressionista

Figura: Estrutura do Programa da Escola


Bauhaus abre as suas portas na cidade de Weimar em 1919, e assenta nos conceitos do Werkbund. O arquitecto Walter Gropius foi indicado para dirigir a nova «Schule für Gestaltung». Esta primeira etapa será posteriormente chamada a «fase expressionista», porque nos primeiros anos dá prioridade à expressão emocional e à individualidade dos estudantes.

O primeiro Vorkurs (Curso Preliminar) é leccionado pelo pintor e ‘monge asceta’, o místico suíço Johannes Itten (conhecido pela sua obra «Teoria das Cores»).

Em Weimar, pretende-se fazer a síntese do trabalho dos artistas e dos artesãos, ignorando a produção em série industrial e capitalista. A ideologia dos primeiros anos está próxima do movimento Art and Crafts. A primeira exposição da Bauhaus, deu-se no ano de 1923.

Figura: Manifesto da Bauhaus, ilustrção feita na Bauhaus.

O manifesto da Bauhaus continha não só a emotiva declaração de princípios - “o objectivo final de toda a actividade construtiva é a estrutura!”- como também discutia os objectivos da Bauhaus, o seu currículo e os requisitos de admissão. Atraídos pelo programa moderno, e pelo vanguardismo da mesma, a adesão a esta nova perspectiva foi de cerca de 150 alunos. Na sua grande maioria, mulheres.

Certos autores referem a esta adesão, como “O chamamento de Gropius foi como uma fanfarra atraindo entusiastas de todos os lados.” Bauhaus, foi na verdade a primeira escola de arte reformada a retomar depois da guerra. À primeira vista, o programa da Bauhaus parecia-se com o ensino noutras escolas de artes: Os alunos deviam receber uma formação artesanal, uma de desenho e outra científica.

A novidade residia, contudo, no objectivo global que Gropius estabeleceu para a escola, na estrutura erguida em “conjunto”, à qual todos deveriam contribuir através do “artesanato”. A substituição dos tradicionais professores, por mestres.

Os estudantes eram denominados aprendizes, podendo progredir para a categoria de oficinas e posteriormente em mestre jovem.

A actividade da Bauhaus era decidida por um Conselho de Mestres, cujos poderes incluíam o direito de nomear novos mestres. Os estudantes eram ensinados por diversos mestres. Assim “poder-se-ia acabar com a barreira arrogante entre artistas e artesãos, e abrir caminho para a nova estrutura do futuro”.

Os primeiros anos da Bauhaus foram caracterizados por um forte espírito de comunidade. Pretendia-se planear, projectar e construir para o novo “homem”. Esta visão não impediu que aceitassem e executassem encomendas simples, de móveis, objectos metálicos, tapetes e decorações de interiores. Foi precisamente na reconciliação destes pólos opostos que se fundou o objectivo e o significado da escola. Das forças contraditórias, nasceu um equilíbrio criativo, cuja estabilidade foi alcançada e testada.

No primeiro ano da Bauhaus, Gropius, nomeou três artistas de origens diferentes, o pedagogo de arte e pintor Johannes Itten, o pintor Lyonel Feininger e o escultor Gerhard Marcks.

Curso de Arquitectura na Bauhaus

Figura: Johannes Itten - "Casa do Homem Branco, 1920". Litografia para a primeira colecção dos Mestres da Bauhaus















“Uma nova arte de construção”, a “grande construção”- eram os objectivos da formação da Bauhaus.

Gropius esforçou-se repetidamente por criar um departamento de arquitectura. Em Maio de 1920 este departamento foi fundado, sob a direcção de Adolf Meyer, o colaborador mais antigo de Gropius.

A Bauhaus em 1920, adquiriu um terreno no qual Gropius tinha planeado uma urbanização. “ Nestes terrenos, pretendemos construir e viver em casas de madeira”, escreveu Gropius ao crítico de arquitectura.

Professores










Nos primeiros dias da Bauhaus, Gropius anunciou a intenção de lançar em Weimar “a pedra de fundação de uma República de intelectuais”. O primeiro passo era reunir o pessoal certo. “É natural e vital para todos que atraímos personalidades fortes e activas. Não devemos começar com mediocridade; é nosso dever, sempre que possível reunir personalidades fortes e famosas, mesmo que ainda não as consigamos compreender completamente.”

O Conselho dos Mestres anunciou as nomeações de Paul Klee e Oskar Schlemmer em 1920, e em 1922, nomearam o mestre Wassily Kandinsky, artista abstracto mais relevante naquela época. Desta modo conseguiram reunir um alargado grupo de artistas vanguardistas, que viam na Bauhaus uma oportunidade para, através dos seus ensinamentos, tornar a arte uma parte evidente da vida diária.

Johannes Itten o seu curso

Figura: Johannes Itten, com o traje da Bauhaus.





















Este pintor e pedagogo de arte, foi a personalidade mais importante na primeira fase da Bauhaus. Gropius foi impressionado por Itten, convidando-o para discursar sobre os “ ensinamentos dos mestres antigos” na sessão inaugural da Bauhaus em 1919.

“ Intuição e método “ ou “experiência subjectiva e recognição objectiva”, eram os dois conceitos opostos em que se baseava o ensinamento de Itten. O qual, iniciava as suas aulas com exercícios respiratórios para se descontrair antes de criar.

“Trazer à luz o essencial e o contraditório em cada material”, para desenvolver e apurar a sensibilidade dos alunos, era o seu objectivo.

Décadas depois, Alfred Arndt, estudante da Bauhaus, fez descrição esclarecedora de um dos exercícios: “ Os trabalhos eram muito diferentes, As raparigas produziam objectos pequenos, delicados do tamanho de uma mão. Alguns dos rapazes apareceram com fragmentos de um metro de altura. (...)”.

Estes estudos tinham como objectivo dar valores aos contrastes dos materiais e ao movimento. “Todos tinham a liberdade de inventar tais objectos plásticos através do desenho”.

Ensinava teorias de contrastes, formas e cores.

A teoria de Itten, partia das formas elementares geométricas, círculos, quadrados e triângulos. O círculo era “fluente” e “central”, o quadrado “calmo” e o triângulo “diagonal”.

As cores e as formas “primárias” foram conceitos que influenciaram bastante a Bauhaus.

Itten, ensinava aos alunos as bases da teoria de cor e forma, composição e “Design”. A inspiração para o novo e moderno sistema de ensino provinha das teorias de reforma educacional com as quais Itten estava já familiarizado, e pertencentes aos artistas vanguardistas.

Na primeira fase da Bauhaus, Itten organizou e estruturou um curso preparatório cujos ideais foram perpetuados e adaptados a muitos cursos de “design” actuais.

Itten era profundamente venerado. Reconhecido e profundamente venerado como “mestre”.

Em 1920, Itten e Muche assistiram juntos a um congresso do masdeísmo em Leipzig. O baluarte da seita na Alemanha, começando posteriormente a difundir a seita na Bauhaus.

Itten colaborou em vários revistas de arte com trabalhos sobre preceitos do masdeísmo. Tendo publicado um artigo no qual argumentava que a raça branca representava o nível civilizacional mais elevado, reflectia até uma forma primitiva de racismo. Isto explica talvez a origem da sua litografia “A Casa do Homem Branco”.

Paulo Citroen, estudante da Bauhaus deixou a mais fiel descrição dos seguidores do masdeismo na Bauhaus: “Havia algo de demoníaco em Itten. Como mestre era profundamente admirado e igualmente odiado pelos seus inimigos, que não eram assim tão poucos. Ignorá-lo é que não se podia. Para nós que pertenciamos ao circulo do masdeísmo – uma comunidade especial dentro da Bauhaus - Itten tinha uma aura muito especial. Quase se podia denomina-lo santo, só nos aproximávamos dele em sussurros. A nossa admiração por ele era enorme e ficávamos encantados e inspirados sempre que ele nos tratava de forma simpática e natural.”

Com a saída de Itten, em 1923, segundo Citroen: “O nosso grupo foi finalmente absorvido pela maioria estudantil da escola, e o masdeísmo não mais voltou a ser um problema para a Bauhaus”.

Os Ateliers

Figura: Atelieres da Bauhaus














Os ateliers anunciados por Gropius no Manifesto só poderem ser montados pouco a pouco: Gropius teve de enfrentar frequentes dificuldades financeiras. A procura de mestres artesãos também demonstrou ser frequentemente difícil. Durante a Guerra, muitos dos equipamentos dos ateliers foram extraviados ou destruídos. Apenas as oficinas de encadernação, tipografia e tecelagem continuavam a funcionar. A oficina de encadernação Otto Dorfner, que tinha celebrado um acordo com a Bauhaus para a formação de aprendizes.

Gropius e o Concelho dos Mestres controlavam o sucesso e os resultados da formação nos ateliers e introduziam regularmente reformas. Deste modo, por exemplo, o regulamento original que permitia a entrada directa dos estudantes num atelier foi rapidamente considerado como apresentado muitas desvantagens: o consumo de material era demasiado elevado e os resultados insuficientes. Em consequência disse, o Conselho dos mestres decidiu em Outubro de 1920 pela frequência obrigatória do “Vorkurs” de Itten por um período de 6 meses. Só depois de ter sido aprovado é que se podia ser admitido num dos ateliers. “A Bauhaus excluía automaticamente os menos dotados; estes não podiam ficar por um período superior a 6 meses.” A duração do trabalho diário nos ateliers foi aumentado para 6 horas.

Um curso sobre a forma leccionado por George Much e Itten passou a ser obrigatório para os estudantes que trabalhavam nos já ateliers. O desenho técnico foi também introduzido, sendo a teoria ensinada por Gropius e a partica por Adolf Meyer.

O objectivo destas medidas era a combinação das aulas teóricas sobre a forma com o treino pratico nos ateliers, e estabelecendo-se assim, o modelo de ensino bipolar. As aulas paralelas com o artista e um artesão ofereciam aos estudantes a possibilidade de receberem uma educação mais vasta do que o inicio mestre poderia oferecer, produzindo, esboços elaborados do ponto de vista artesenal e artístico. Gropius escreveu mais tarde: “Era necessário trabalhar com dois professores diferentes, pois não havia artesãos com imaginação suficiente para resolver os problemas artísticos, nem artistas com conhecimentos técnicos para se responsabilizarem por trabalhos oficinais. Uma nova geração tinha que ser treinada primeiro, de forma poder a aliar os dois talentos”.

No inicio, os ateliers estavam sobre a influencia de Itten: juntamente com Muche, dirigia os ateliers na qualidade de mestre da forma, excepto a secção de tipografia que estava a cargo de Feininger e a de cerâmica, dirigida por Marcks. Contudo, já no semestre seguinte passou o atelier de escultura de pedra para Schlemmer; Muche tomou a sua cargo a tecelagem, Klee a encadernação e Gropius a carpintaria. Apenas os ateliers de metal, vitrais e pintura moral continuaram a cargo de Itten até Outubro de 1922, altura em que a reorganização diminui a sua influencia.

Conclusão


























Após setenta anos da fundação de Weimar,a Bauhaus transformou-se num conceito internacional.

Tem uma elevada reputação, principalmente decorrente do Design de que foi pioneira. A arquitectura da Bauhaus, juntamente com os trabalhos de Walter Gropius e Mies van Der Rohe., pertencia ao vanguardismo dos anos 20. Foi muitas vezes responsabilizada pela fealdade das nossas cidades, pela destruição em massa das paisagens através de arquitecturas monótonas.

O conceito de reforma pedagógica da Bauhaus, foi adoptado em todo o mundo nos currículos das escolas superiores de Arte e Forma, continuando ainda hoje a ter influência.











BIBLIOGRAFIAS

  • DROSTE, Magdalena, Bauhaus, Editora Taschen, 1997.
  • http://www.esec-josefa-obidos.rcts.pt/cr/ha/seculo_20/bauhaus.htm
  • http://www.brasilia.diplo.de/Vertretung/brasilia/pt/aktuell/Deutsches__Design.html
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo
  • http://www.historiadaarte.com.br/expressionismo.html